18 outubro 2024

Uso excessivo de dispositivos digitais impacta desempenho dos alunos, revela Pisa

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O recém-divulgado relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022, conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revela que alunos que dedicam de cinco a sete horas diárias a smartphones e dispositivos digitais apresentam pontuações mais baixas nos testes.

De acordo com o relatório, em média nos países da OCDE, estudantes que dedicam até uma hora diária a dispositivos digitais para lazer obtiveram 49 pontos a mais em matemática em comparação com aqueles que passam entre cinco e sete horas por dia nessas atividades, após ajustes para o perfil socioeconômico dos alunos e das escolas.

O uso de dispositivos digitais em sala de aula também se mostrou um desafio significativo, com cerca de 65% dos estudantes relatando distração durante as aulas de matemática devido ao uso de celulares, tablets e laptops. No Brasil, esse percentual atingiu alarmantes 80%, acompanhando países como Argentina, Canadá, Chile, Finlândia, Letônia, Mongólia, Nova Zelândia e Uruguai.

Outro dado preocupante é que 59% dos estudantes afirmaram ser distraídos pelo uso desses dispositivos por colegas. O relatório destaca que alunos distraídos com colegas que usam dispositivos digitais tiveram uma queda de 15 pontos nos testes de matemática do Pisa, equivalente a três quartos do valor de um ano de educação, após considerar o perfil socioeconômico das escolas e dos alunos.

Japão e Coreia, países com altas pontuações no Pisa, apresentaram níveis significativamente mais baixos de distração, relatando 18% e 32%, respectivamente.

O relatório reconhece a complexidade do tema, destacando que o uso de celulares nas escolas é controverso e desafiador para os gestores de educação. A recomendação não é a proibição total desses dispositivos, mas sim a promoção de uma interação equilibrada entre a tecnologia e o aprendizado, minimizando o tempo de uso para evitar distrações, bullying online e exposição da privacidade dos estudantes.

Nos países da OCDE, 29% dos alunos afirmam utilizar smartphones várias vezes ao dia, e 21% o fazem quase diariamente ou diariamente na escola. Em 13 países, mais de dois terços dos alunos frequentam escolas que proíbem a entrada e o uso de celulares. Surpreendentemente, nessas nações, foi observado um menor índice de distração em sala de aula, embora os jovens não demonstrem um uso mais responsável dos dispositivos.

O relatório destaca que a proibição não garante um comportamento responsável e, curiosamente, alunos em escolas com proibição eram menos propensos a desligar notificações de redes sociais e aplicativos ao dormir, indicando a necessidade de abordagens mais abrangentes e conscientes no uso de tecnologia nas instituições de ensino.

Por Carolina Pimentel – Repórter da Agência Brasil

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