2 dezembro 2024

Mercúrio em peixes ameaça saúde no Acre; idosa de 78 anos é diagnosticada com níveis altos do metal

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A presença de altas doses de mercúrio no sangue das pessoas que consomem peixes continua sendo uma grande preocupação para as famílias no Acre. Desde maio de 2023, um alerta foi emitido sobre a contaminação por mercúrio em acreanos, mas até agora, o único avanço concreto é um ofício do Ministério Público Federal no Acre, que exige respostas de várias instituições sobre o assunto.

Rio Branco, a capital do Acre, é uma das 17 cidades da Amazônia mais críticas em relação à contaminação por mercúrio devido ao consumo de peixes contaminados. Recentemente, uma empresária de Cruzeiro do Sul relatou ao ContilNet que sua mãe, de 78 anos, foi diagnosticada com altos níveis de mercúrio no sangue durante exames de rotina na capital. A idosa, que praticamente se alimenta apenas de peixe, estava apresentando sintomas como perda de apetite e cansaço excessivo, cujas causas só foram descobertas por meio dos exames.

“A minha mãe, praticamente, só se alimenta de peixe. E ela tinha presença de mercúrio altíssima no seu corpo, já sentindo os efeitos da substância no corpo. Não fosse o exame, dificilmente saberíamos a causa da sua perda de apetite e muito cansaço”, afirmou a empresária.

Estudos e pesquisas

Em maio de 2023, um grupo de pesquisadores de sete instituições divulgou um estudo destacando Rio Branco entre os municípios amazônicos mais afetados pela contaminação por mercúrio. A pesquisa abrangeu seis dos nove estados amazônicos, revelando que os peixes em Rio Branco apresentavam níveis de contaminação muito acima do limite tolerável estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de ≥ 0,5 µg/g.

No Acre, 35,9% dos peixes analisados apresentavam níveis de mercúrio acima do recomendado, ficando atrás apenas de Roraima (40%). Estados como Pará (15,8%) e Amapá (11,4%) apresentaram os menores índices. Estima-se que 21,3% dos peixes vendidos na região Amazônica têm níveis de mercúrio acima dos limites seguros.

Tratamento e prevenção

A médica Luciana Ribeiro, formada pela Universidade Federal do Acre e atualmente registrada no Conselho Regional de Medicina da Bahia, explicou ao ContilNet que o tratamento para desintoxicação do mercúrio pode ser feito com medicamentos quelantes. Esses medicamentos contêm substâncias que se ligam ao mercúrio, facilitando sua eliminação pelo organismo através da urina e das fezes. No entanto, ela adverte que esses medicamentos devem ser prescritos por um médico. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos para ansiedade e depressão, além de suplementos de vitamina C, E e selênio.

A contaminação por mercúrio no Acre pode estar relacionada à garimpagem ilegal em países vizinhos, como o Peru. Apesar do Acre não ter atividades de garimpo, a proximidade com regiões de mineração ilegal no Peru pode estar contribuindo para a presença do metal nos rios e, consequentemente, nos peixes. Em 2013, técnicos do Instituto Evandro Chagas já haviam identificado altos níveis de mercúrio nos pescados em cidades acreanas banhadas pelos rios Iaco e Purus.

De acordo com o site TuaSaude.com, os principais sintomas de intoxicação por mercúrio incluem fraqueza, cansaço frequente, perda de apetite, úlceras no estômago ou duodeno, problemas renais, dentes fracos e quebradiços, e irritação na pele. A exposição prolongada a altas concentrações de mercúrio pode causar neurotoxicidade, manifestada por mudanças de humor, alterações na memória, dores de cabeça, tontura, delírios e alucinações.

A contaminação por mercúrio continua sendo uma questão séria que exige atenção imediata das autoridades e conscientização da população sobre os riscos associados ao consumo de peixes contaminados.

(Com informações e imagens com base na Contilnet).

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