26 novembro 2024

Pesquisadores da Universidade de Sydney descobrem que a heparina pode ser um antídoto eficaz para picadas de cobra naja

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A cobra cuspideira núbia ou Naja nubiae, espécie de cobra nativa da África. — Foto: The Trustees of the Natural History Museum, London + Callum Mair

Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, anunciaram nesta quarta-feira (17) uma descoberta promissora: o uso da heparina, um anticoagulante comum na medicina, como um antídoto acessível e eficaz para picadas de cobras naja. O estudo, publicado na revista “Science Translational Medicine”, sugere que essa abordagem pode reduzir lesões graves, incluindo necrose, e potencialmente melhorar as taxas de sobrevivência.

Greg Neely, autor correspondente do estudo e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Sydney, destacou que a heparina não apenas pode neutralizar o veneno da cobra naja, mas também retardar sua ação, o que é crucial para o tratamento eficaz das vítimas.

Globalmente, entre 4 e 5,5 milhões de pessoas são picadas por cobras anualmente, com um número significativo sofrendo complicações graves. No Brasil, onde as najas não são nativas e não há produção local de antiveneno para elas, o Instituto Butantan importa soros para casos específicos.

Nicholas Casewell, do Centro de Pesquisa e Intervenções sobre Picadas de Cobra da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, enfatizou que as picadas de naja continuam sendo um problema grave em países de baixo e médio rendimento, afetando principalmente comunidades rurais.

Utilizando a tecnologia CRISPR para identificar genes essenciais na ação do veneno de cobra, os pesquisadores puderam adaptar a heparina como antídoto eficaz. Esta abordagem já foi bem-sucedida anteriormente para desenvolver antídotos contra outras toxinas, como as de água-viva, e está sendo explorada para cobras negras australianas.

As descobertas oferecem esperança, especialmente porque os antivenenos atuais frequentemente não conseguem tratar adequadamente complicações graves associadas às picadas de cobras, como inchaço, bolhas e necrose tecidual.

Essa pesquisa representa um avanço significativo na busca por tratamentos mais acessíveis e eficazes para vítimas de picadas de cobra em todo o mundo.

Veneno sendo extraído da Naja atra, uma espécie de naja que vive em áreas do sudeste da Ásia. — Foto: Centre for Tropical Medicine. ©Simon Townsley

Veneno sendo extraído da Naja atra, uma espécie de naja que vive em áreas do sudeste da Ásia. — Foto: Centre for Tropical Medicine. ©Simon Townsley

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