A Apple está considerando aumentar os preços dos iPhones ainda este ano, segundo fontes ouvidas pelo Wall Street Journal. A gigante da tecnologia, no entanto, pretende evitar qualquer associação direta entre o possível reajuste e as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados da China, país onde a maior parte de seus aparelhos é produzida.
O relatório do WSJ foi divulgado nesta segunda-feira (12), mesmo dia em que os governos dos EUA e da China anunciaram uma trégua de 90 dias na guerra comercial, com a redução temporária das tarifas recíprocas. A notícia impulsionou os mercados, e as ações da Apple subiram 7% nas negociações pré-abertura.
Apesar do acordo, as importações vindas da China ainda enfrentarão uma tarifa de 30% nos EUA. A Apple é uma das empresas mais afetadas pelas tensões comerciais entre os dois países, que têm se agravado com as medidas adotadas pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump.
Segundo a Apple, os custos adicionais com tarifas devem somar cerca de US$ 900 milhões apenas no segundo trimestre deste ano. Para reduzir o impacto, a empresa está acelerando a migração de parte da produção para a Índia, e prevê que boa parte dos iPhones vendidos nos EUA nesse período já será fabricada fora da China.
Analistas do mercado já vinham prevendo que a empresa poderia aumentar os preços, mas alertam que essa decisão pode fazer a Apple perder espaço para concorrentes como a Samsung, que tem apostado em recursos de inteligência artificial para atrair consumidores — uma área em que a Apple tem avançado de forma mais lenta.
Projeções da consultoria Rosenblatt Securities indicam que o iPhone 16, cujo modelo básico foi lançado por US$ 799 nos EUA, pode chegar a custar até US$ 1.142 com as tarifas, o que representaria um aumento de até 43%.
Ainda de acordo com o Wall Street Journal, a Apple pretende lançar novos recursos e um design ultrafino nos próximos modelos como forma de justificar os possíveis aumentos de preço.
A empresa não comentou oficialmente sobre a reportagem até o momento.
Enquanto isso, o ambiente comercial continua tenso. No mês passado, a Amazon foi criticada pela Casa Branca depois que uma de suas unidades de baixo custo considerou divulgar abertamente os encargos de importação resultantes das tarifas, o que foi interpretado pelo governo Trump como uma provocação política.