
Técnicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública informaram nesta terça-feira (6) a uma comitiva enviada pelos Estados Unidos que o Brasil trata o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como facções criminosas, não como grupos terroristas. O encontro fez parte da visita de enviados do governo Trump a Brasília para discutir cooperação internacional no combate ao crime organizado.
Na reunião, participaram sete especialistas brasileiros e sete representantes norte-americanos. Os americanos defenderam que, na visão deles, facções transnacionais que espalham medo e violência se encaixam na definição de terrorismo, e citaram diretamente o PCC e o CV. Já o governo Lula explicou que, segundo a lei brasileira, essas organizações têm motivação econômica — voltada ao tráfico de drogas e armas — e não perseguem objetivos políticos ou ideológicos, critérios que definem o terrorismo no Brasil.
Os técnicos do MJSP também esclareceram que, para ser considerada terrorista, uma ação precisa envolver ódio religioso, político ou racial, ou atacar civis para impor uma crença. No caso das facções, o foco é o lucro fácil por meio de extorsão, sequestro e venda de substâncias ilícitas.
Na segunda (5), os enviados dos EUA receberam um “dossiê” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), elaborado pelos governos do Rio de Janeiro e de São Paulo. O documento tenta relacionar o PCC e o CV a grupos terroristas estrangeiros, apontando supostos laços com o Hezbollah, o que, para o Brasil, ainda não tem base legal ou comprovação de atuação conjunta.
Outra pauta levantada pelos americanos foi a imigração, tema sensível para a administração Trump. Eles querem discutir como dificultar a entrada de imigrantes irregulares que, segundo eles, poderiam se aproveitar das rotas de traficantes que atuam no Brasil e em outros países da América Latina.
Por enquanto, não há previsão de um acordo formal sobre o tema terrorismo. O governo brasileiro mantém a posição de classificar as facções como organizações criminosas e reforça que seguirá usando instrumentos legais nacionais — como operações policiais e bloqueio de bens — para enfrentá-las. A expectativa é que o diálogo continue nos próximos encontros de cooperação bilateral.