22 maio 2025

Preço do café dispara 80% em 12 meses e atinge maior inflação desde o Plano Real

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O café, uma das bebidas mais tradicionais da mesa do brasileiro, ficou significativamente mais caro no último ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café moído teve uma alta de 80% nos últimos 12 meses, sendo a maior inflação registrada para o produto desde a criação do Plano Real, em 1994.

A informação foi divulgada nesta semana junto ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil. O aumento acumulado é mais que o dobro da média geral da inflação no período e acende um alerta para consumidores e comerciantes, que já sentem os impactos nas prateleiras e no bolso.

Segundo o IBGE, fatores climáticos foram determinantes para essa elevação expressiva. A safra 2023/2024 enfrentou uma combinação de seca severa e geadas em regiões produtoras, especialmente em Minas Gerais e São Paulo, dois dos maiores estados produtores do grão no país. Além disso, problemas na produção global, com destaque para países como Vietnã e Colômbia, também contribuíram para a queda da oferta e aumento dos preços no mercado internacional.

A menor oferta do grão gerou uma reação em cadeia: com a redução da colheita e aumento da demanda – especialmente com a retomada econômica de diversos países pós-pandemia –, o preço do café em grão subiu, impactando diretamente o valor do produto moído que chega ao consumidor final.

Especialistas explicam que o café é um dos produtos que mais rapidamente sentem os efeitos de choques climáticos e da oscilação do mercado internacional. Como é uma commodity agrícola, o preço do café é negociado em bolsas internacionais, o que significa que qualquer alteração na oferta e demanda global pode afetar diretamente o preço no Brasil.

Nos supermercados, a variação é percebida de forma ainda mais expressiva. Marcas populares que custavam cerca de R$ 10,00 o pacote de 500 gramas há um ano, hoje ultrapassam os R$ 18,00 em muitos estabelecimentos. Pequenos comércios e padarias também relatam dificuldade para manter o preço de venda do cafezinho diário, um dos itens mais consumidos no cotidiano do brasileiro.

Em Sena Madureira e outras cidades do Acre, a situação não é diferente. Comerciantes locais relatam dificuldades para repassar o reajuste aos clientes sem prejudicar as vendas. “A gente tenta segurar o máximo que pode, mas está difícil. O pacote de café chega cada vez mais caro, e o consumidor já reclama do preço atual”, conta a dona de casa e comerciante Raimunda Oliveira.

O cenário para os próximos meses ainda é incerto. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as projeções climáticas indicam uma recuperação gradual da produção, mas os estoques baixos e a instabilidade climática podem continuar pressionando os preços até o fim de 2025.

Para driblar a alta, consumidores têm recorrido a marcas alternativas ou reduzido o consumo. “Antes eu comprava dois pacotes por mês. Agora compro um e misturo com cevada para render mais”, diz o aposentado José Silva, morador do interior do Acre.

Diante de um dos aumentos mais expressivos já registrados, o café, que sempre foi símbolo de hospitalidade e rotina no Brasil, torna-se mais um reflexo das complexidades econômicas e climáticas que afetam diretamente o dia a dia da população.

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