Após a revelação de pagamentos milionários por obras supostamente executadas durante a gestão do ex-prefeito Mazinho Serafim, mas que não deixaram vestígios físicos nem documentação básica, um novo ponto levanta questionamentos ainda mais graves: quem fiscalizou esses contratos?
Segundo documentos obtidos com exclusividade pelo YacoNews, obras milionárias foram pagas mesmo com ausência total de diários de obra, relatórios fotográficos, cronogramas e justificativas técnicas.
O que dizem os documentos
Os contratos investigados somam mais de R$ 1,6 milhão e envolvem os convênios:
-
882781/2019
-
892602/2019
-
906732/2020
A empresa Solu’s Engenharia LTDA foi a contratada. Os pagamentos foram realizados entre 2021 e 2023, período em que Mazinho estava à frente da prefeitura.
No entanto, auditorias realizadas pela nova gestão, assinadas por engenheiros com registro no CREA, mostram que os serviços não foram comprovados, e em muitos casos, não existem no local onde deveriam ter sido executados.
O papel da Caixa Econômica
Como agente financeiro dos convênios federais, a Caixa Econômica Federal tem a obrigação legal de fiscalizar as obras antes de liberar qualquer pagamento.
Mas, conforme revelam os documentos analisados pelo YacoNews, as liberações foram feitas sem os laudos obrigatórios. Não há comprovantes de medição, nem mesmo fotografias das etapas executadas.
“Se a Caixa pagou, com base em que documentos? Quem assinou a liberação? Por que os serviços não aparecem?”, questiona um servidor ouvido pela reportagem.
Omissão, conivência ou falha grave?
A atual gestão de Gerlen Diniz notificou oficialmente a CEF exigindo esclarecimentos. Até agora, nenhuma resposta pública foi dada.
Além da responsabilidade da Caixa, os documentos também levantam suspeitas sobre o setor técnico da Prefeitura à época de Mazinho Serafim. Quem liberou os pagamentos? Quais engenheiros assinaram as medições?
Se houve falsificação, negligência ou conivência, o caso pode evoluir para uma investigação criminal.
População foi duplamente lesada
Enquanto ruas como a Dom Giocondo Maria Grotti seguem sem calçamento, quase R$ 900 mil foram pagos por obras que, na prática, não existem ou foram abandonadas.
“É um prejuízo duplo: o dinheiro sumiu, e o benefício nunca chegou à população”, reforça a análise técnica do relatório.
A reportagem reitera: todas as informações aqui expostas constam em documentos oficiais adquiridos com exclusividade pela equipe do YacoNews, incluindo:
-
Notificação da Prefeitura à Caixa
-
Relatórios técnicos de obras
-
Contratos e extratos de pagamentos
-
Assinaturas e registros de engenharia
E reafirma: não se trata de opinião. São documentos públicos e oficiais.
E agora?
A Caixa precisa se posicionar. A empresa contratada precisa prestar esclarecimentos. E os órgãos de controle — como o Ministério Público Federal, CGU e TCU — precisam agir imediatamente.
Enquanto isso, a pergunta que ecoa entre os moradores é simples e devastadora:
“Se o dinheiro saiu, por que a obra não apareceu?”