Aurora Maria Oliveira Mesquita, recém-nascida de apenas 8 dias, segue internada no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte (MG), após ter sido transferida da maternidade de Cruzeiro do Sul (AC) com suspeita de queimaduras causadas por água quente durante o banho. Segundo o pai da criança, Marcos Oliveira, a bebê apresentou melhora neste domingo (29), mesmo após ter sofrido uma grave parada cardíaca no sábado (28).
De acordo com ele, a filha passou por curativos e uma ultrassonografia no coração. “A princesa está reagindo bem, os curativos foram feitos, e houve avanço nas queimaduras. Ela é uma guerreira”, relatou emocionado. Ainda entubada, Aurora vem respondendo positivamente ao tratamento da equipe especializada em queimaduras.
A parada cardíaca aconteceu na manhã de sábado, pouco depois de os médicos iniciarem o processo de retirada da sedação. Aurora ficou cerca de 39 minutos sem batimentos cardíacos e foi reanimada com sucesso. “Ela foi nos braços de Deus e Ele a devolveu. Foi um milagre. Agradeço a cada oração e peço que continuem orando por ela”, disse o pai.
Suspeita de queimaduras e investigação
O caso começou no domingo (22), quando Aurora apresentou bolhas e descamação da pele nas pernas e pés após um banho na maternidade Hospital da Mulher e da Criança Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul. A família acredita que a bebê tenha sofrido queimaduras por causa da temperatura da água utilizada. Diante da gravidade, ela foi transferida de UTI aérea para a capital Rio Branco e, posteriormente, para Belo Horizonte.
O pai, Marcos Oliveira, registrou um boletim de ocorrência e o caso passou a ser investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Acre (MP-AC). Na quinta-feira (26), a polícia ouviu a equipe médica envolvida e testemunhas que estavam no local no momento do banho. Segundo o delegado, os relatos confirmaram que a água usada estava quente demais.
A profissional de enfermagem responsável pelo banho foi afastada, e um processo administrativo disciplinar foi aberto pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).
Possibilidade de doença genética
Durante a investigação médica, surgiu a hipótese de que Aurora possa ter uma condição genética rara chamada epidermólise bolhosa — uma doença que deixa a pele extremamente frágil. Para esclarecer essa suspeita, o Instituto de Genética do Norte (IGENN), em Rio Branco, coletou material para biópsia, que será analisado em outro estado.
O Ministério Público do Acre, por meio da 1ª Promotoria Cível de Cruzeiro do Sul e do Centro de Apoio Operacional da Saúde, realizou uma vistoria na maternidade na última quinta-feira (26). O promotor André Pinho informou que a fiscalização avaliou desde a estrutura física até os protocolos adotados para casos graves, como o de Aurora.
Além disso, o Conselho Regional de Enfermagem do Acre (Coren-AC) abriu um processo para apurar a conduta da técnica de enfermagem. Uma equipe do conselho vai ao hospital para realizar diligências e avaliar o ambiente de trabalho.
A luta de Aurora, mesmo nos primeiros dias de vida, tem comovido familiares, profissionais de saúde e a população. A família segue esperançosa na recuperação completa da bebê, que já sobreviveu a momentos críticos e, segundo o pai, é “um testemunho vivo de força e milagre”.