Um comerciante foi condenado pela Justiça do Acre por assédio contra duas funcionárias terceirizadas responsáveis pela limpeza do Mercado do Bosque, em Rio Branco. A sentença, que determina o pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 1 mil para cada uma das vítimas, reforça a importância de combater a violência de gênero no ambiente profissional.
De acordo com os relatos apresentados, o comerciante proferiu comentários de cunho sexual e ofensivo enquanto as trabalhadoras realizavam a limpeza de um dos banheiros do mercado. As vítimas, surpresas e constrangidas com a abordagem, buscaram apoio da administração do local, que orientou as mulheres a registrarem o caso judicialmente.
Em sua defesa, o acusado negou as acusações e afirmou que suas palavras haviam sido mal interpretadas. Ele ainda declarou que mantinha uma relação respeitosa com as funcionárias e que não teve a intenção de ofendê-las. No entanto, as declarações não foram suficientes para descaracterizar a conduta ofensiva.
A juíza responsável pelo caso considerou consistentes os relatos das funcionárias, apontando que houve violação da dignidade e da integridade psicológica das vítimas. A magistrada reforçou que o ambiente de trabalho deve ser seguro e respeitoso, e destacou a aplicação do julgamento com perspectiva de gênero como ferramenta essencial para compreender a desigualdade estrutural que atinge mulheres em situações de assédio.
Durante a análise do processo, foi levado em conta o contexto de vulnerabilidade das vítimas, que estavam no exercício de suas funções quando foram abordadas. Além disso, a decisão judicial frisou que a responsabilização do agressor tem um papel pedagógico, com o objetivo de coibir a repetição de condutas semelhantes tanto naquele espaço quanto em outros ambientes de trabalho.
O caso se tornou simbólico para trabalhadores e trabalhadoras do mercado, que, segundo relatos paralelos, convivem com situações semelhantes que nem sempre chegam ao conhecimento das autoridades. A decisão da Justiça é vista como um avanço na garantia dos direitos das mulheres, especialmente das que atuam em cargos historicamente menos valorizados e mais expostos à vulnerabilidade.
A indenização, embora de valor modesto, representa o reconhecimento oficial do dano causado e o esforço por parte do Judiciário em promover justiça e respeito às relações trabalhistas. O comerciante ainda poderá recorrer da decisão, mas a sentença já é considerada um marco no enfrentamento ao assédio moral e sexual em ambientes públicos e comerciais.
Nos bastidores do Mercado do Bosque, o caso gerou repercussão entre comerciantes e funcionários, que passaram a debater com mais frequência os limites do comportamento no ambiente de trabalho. Há expectativa de que o episódio leve à implementação de ações de conscientização sobre o assédio e seus impactos, especialmente para mulheres em postos operacionais.
O episódio evidencia como o assédio, muitas vezes naturalizado ou minimizado, pode causar danos profundos à saúde mental e emocional das vítimas. Casos como esse reforçam a necessidade de denúncia e acompanhamento, garantindo que nenhuma mulher seja silenciada diante de atitudes abusivas.