O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, alertou nesta semana que a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os descontos indevidos em benefícios do INSS pode provocar atrasos no pagamento de aposentadorias e pensões em todo o país. A declaração foi feita durante audiência pública na Câmara dos Deputados, onde o ministro defendeu que o foco do governo deve ser na resolução imediata do problema e na devolução dos valores aos segurados.
Segundo Queiroz, a mobilização de equipes técnicas e documentos exigida por uma CPI pode comprometer a agilidade dos processos internos da Previdência, afetando diretamente o atendimento à população. “Uma CPI exige tempo, estrutura e pessoal. Isso inevitavelmente retira servidores de áreas essenciais, como a concessão de benefícios, análise de pedidos e correção de falhas”, explicou o ministro.
A proposta de criação da CPI surgiu após denúncias de fraudes bilionárias envolvendo descontos não autorizados em contracheques de aposentados e pensionistas. As cobranças irregulares seriam feitas por associações e sindicatos sem consentimento dos beneficiários. O governo já estima que os prejuízos ultrapassem R$ 3 bilhões.
Wolney Queiroz reafirmou o compromisso da União em restituir os valores cobrados indevidamente até o fim de 2025. Ele afirmou ainda que os beneficiários poderão contestar os descontos pelo aplicativo Meu INSS ou presencialmente nas agências dos Correios. Contudo, não há um cronograma oficial para os pagamentos até o momento.
Apesar da resistência do governo, parlamentares favoráveis à CPI argumentam que é preciso investigar as responsabilidades, inclusive de servidores e gestores que permitiram a atuação irregular de entidades privadas junto ao INSS. A pressão no Congresso Nacional cresce com o avanço das denúncias.
Enquanto isso, associações de aposentados pedem urgência na devolução dos valores e reforçam que a apuração dos fatos não deve impedir o funcionamento normal da Previdência. A situação segue em debate, dividindo opiniões entre o combate à corrupção e a manutenção da eficiência no atendimento aos milhões de segurados do sistema previdenciário brasileiro.