
Nos últimos dois anos, o estado do Acre realizou 3.632 cirurgias de hérnia, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH). O tipo mais comum foi a hérnia inguinal, localizada na virilha, com 1.640 procedimentos.
Do total de cirurgias, 445 foram casos de urgência e 3.187, eletivos. Em 2023 e 2024, foram realizados 1.981 e 1.651 procedimentos, respectivamente. Em 2025, até o momento, já foram feitas 142 cirurgias. Parte desse resultado se deve aos mutirões promovidos pelo programa Opera Acre, que leva cirurgias eletivas a várias cidades do estado.
A hérnia ocorre quando um órgão ou tecido se desloca de sua posição habitual, geralmente na parede abdominal. Os tipos mais comuns são inguinal, umbilical, epigástrica e incisional. Homens são a maioria dos afetados, principalmente pela anatomia da região da virilha.

O médico Nonato Anute, da Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), explica que a hérnia inguinal é a mais recorrente e pode ser causada por esforço físico excessivo, obesidade, desnutrição, tosse crônica ou doenças no fígado. O tratamento é cirúrgico e está disponível gratuitamente pelo SUS.
Segundo a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), as cirurgias são feitas em hospitais de cidades como Senador Guiomard, Plácido de Castro, Brasileia e Tarauacá. A programação dos mutirões é mensal, com prioridade para os casos mais graves.
A diretora de regulação da Sesacre, Jamayla Mendonça, afirma que os mutirões têm reduzido a fila de espera e facilitado o acesso da população ao serviço, com atendimento mais próximo de casa. Ela destaca ainda que o governo investiu R$ 2 milhões em tecnologia, incluindo a compra de cinco torres de videolaparoscopia, que permitem procedimentos menos invasivos e com recuperação mais rápida.
A cirurgia de hérnia costuma ter recuperação entre 15 dias e 3 meses. Segundo o médico Nonato Anute, casos de dor súbita exigem atendimento imediato. “Se a hérnia estiver causando dor intensa, pode haver risco de morte dos tecidos. O ideal é operar em até 6 horas após o início da dor”, alerta.

Pacientes que passaram pela cirurgia elogiam a agilidade e o atendimento. Antônio Ronaldo Lima, de 55 anos, fez o procedimento em Senador Guiomard e disse ter sido chamado rapidamente após o encaminhamento. “Achei que ia esperar mais de um ano, mas me ligaram em poucos dias”, contou.

Nascineia Magalhães, também operada no município, relata alívio após anos de dor: “Nem conseguia andar direito. Agora, me sinto aliviada por ter resolvido esse problema.”
Em 2023, o Opera Acre realizou mais de 7 mil cirurgias eletivas no primeiro semestre, um crescimento de mais de 16% em relação ao ano anterior.