O pai da recém-nascida Aurora Maria Oliveira Mesquita, transferida para o Hospital João XXIII, referência nacional em tratamento de queimaduras, em Belo Horizonte (MG), fez um desabafo emocionante e indignado nesta quinta-feira (26), relatando dificuldades no atendimento à filha e denunciando falta de acolhimento prometido pelo governo do Acre.
“Eu saí de Cruzeiro do Sul achando que ia melhorar em Rio Branco. Até melhorou um pouco, mas disseram que em Minas seria o melhor, um hospital especializado em queimaduras. Chegamos aqui, minha filha foi colocada numa sala junto com outros pacientes, tá lá desde as 9h, chorando, passando mal, . E eu aqui fora, jogado, sem poder entrar. Cadê o apoio prometido?”, questionou o pai, visivelmente abalado.
Ele ainda cobrou o secretário de Saúde do Acre, Pedro Pascoal, por ter garantido total suporte à família. “Cadê o doutor Pedro Pascoal? Cadê o apoio que ele disse que teríamos? Minha filha não merecia estar ali, desse jeito. Saiu do Acre para isso? Quero justiça pela minha filha”, desabafou.
Aurora foi transferida da Maternidade de Cruzeiro do Sul para Rio Branco após apresentar lesões graves na pele durante um banho, o que levantou suspeitas de queimaduras por água quente. Após avaliação clínica e exames, o caso passou a ser investigado também como possível manifestação de uma doença genética rara, a epidermólise bolhosa.
Governo responde
Em nota oficial, o Governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), afirmou que vem acompanhando o caso desde os primeiros sinais de agravamento, adotando todas as medidas necessárias para garantir a assistência à criança e o acolhimento à família.
Segundo a nota, Aurora foi monitorada por equipe multiprofissional na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e passou por diversos exames clínicos e laboratoriais, incluindo painel genético para elucidar o diagnóstico. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado para apurar o ocorrido na maternidade de Cruzeiro do Sul, e a profissional envolvida foi afastada de forma cautelar.
A Sesacre explicou que a transferência para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, foi articulada com o governo de Minas Gerais por se tratar do maior centro de tratamento de queimaduras do Brasil. A logística de transporte, segundo a pasta, foi feita com aeronave pressurizada e estrutura aeromédica adequada. Um psicólogo do estado do Acre foi enviado junto para prestar apoio à família.
O secretário Pedro Pascoal reforçou que o estado segue comprometido com o caso. “A parceria com o governo mineiro garante tratamento de excelência. Estamos acompanhando de perto a evolução clínica da bebê e reafirmamos nosso compromisso com a transparência, a responsabilização e o cuidado humanizado”, disse.
A situação de Aurora segue sob avaliação da equipe médica de Minas Gerais. Enquanto isso, o pai da bebê continua clamando por respostas e, principalmente, por um atendimento digno à filha: “Ela é só um bebê. Não pode pagar por erros ou omissões. Quero que cuidem dela com o amor e o respeito que ela merece.”
Nota pública
O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), informa que, desde os primeiros sinais de agravamento do quadro da recém-nascida transferida para unidade de referência em Minas Gerais, tem atuado com prioridade, sensibilidade e responsabilidade para garantir a assistência necessária à criança e o acolhimento à família.
Após ser transferida da maternidade de Cruzeiro do Sul, no interior do estado, a bebê recebeu acompanhamento contínuo de uma equipe multiprofissional na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e passou por diversos exames clínicos e laboratoriais, incluindo painel genético, com o objetivo de elucidar o diagnóstico. Paralelamente, foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apuração rigorosa do ocorrido. A profissional responsável foi afastada do serviço como medida cautelar durante o curso do processo, e a Sesacre defende que, confirmada qualquer conduta inadequada, haja punição rigorosa nos termos da lei.
Diante da complexidade do caso, a Sesacre articulou com o governo de Minas Gerais a transferência da recém-nascida para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte – maior Centro de Tratamento de Queimaduras do Brasil e referência nacional em casos de alta complexidade. A escolha da unidade levou em conta a segurança da paciente e a excelência no cuidado que o caso exige.
Toda a logística da transferência foi coordenada pelo governo do Acre, garantindo o transporte seguro e estável da criança até a capital mineira em uma aeronave pressurizada bimotor com total estrutura de transporte aeromédico, um King Air C90. Mesmo com a paciente fora do estado, a presença do Acre continua: um psicólogo da rede estadual foi designado para acompanhar a família em Belo Horizonte e oferecer suporte emocional neste momento tão delicado.
A parceria entre os governos do Acre e de Minas Gerais tem sido essencial para assegurar a continuidade do tratamento em um ambiente de excelência, reafirmando o compromisso com a vida, com a dignidade da criança e com o cuidado humanizado. O governo do Acre seguirá acompanhando de perto a evolução clínica da paciente e reitera seu compromisso com a transparência, a responsabilização e a proteção da vida, ao passo que reafirma sua confiança na equipe mineira, que tem autonomia para conduzir o caso da melhor forma possível, conforme sua expertise na área.
Pedro Pascoal Duarte Pinheiro Zambon
Secretário de Estado de Saúde do Acre