
Um fóssil de tartaruga gigante foi encontrado durante escavações às margens do Rio Acre, no município de Assis Brasil, interior do estado, por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), Universidade de São Paulo (USP) e Unicamp. O fóssil pertence à espécie Stupendemys geographicus, que viveu na região amazônica há cerca de 13 milhões de anos, durante o período Mioceno.
A descoberta ocorreu na localidade conhecida como Boca dos Patos, dentro da Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre, na fronteira com o Peru. Devido ao nível baixo do rio nesta época do ano, o acesso ao local — feito por barco e carro — pode levar até cinco horas a partir da área urbana mais próxima.
Segundo o paleontólogo Edson Guilherme, da Ufac, o fóssil encontrado está bem preservado, embora a carapaça esteja incompleta. “Só existe uma carapaça completa dessa espécie descoberta na Venezuela. A que encontramos agora corresponde à metade da estrutura, mas é suficiente para estimarmos o tamanho do animal após os estudos em laboratório”, explicou.
A Stupendemys geographicus é considerada uma das maiores tartarugas que já existiram, com carapaças que podiam atingir até três metros de comprimento. Pesquisas anteriores, como as realizadas em 2020 na Colômbia e Venezuela, também revelaram detalhes sobre a morfologia e a alimentação do animal, incluindo um osso da mandíbula inferior.

O fóssil foi retirado da área de escavação e levado a um acampamento montado na região. No último fim de semana, os pesquisadores tentaram transportá-lo em uma caminhonete, mas o tamanho e o peso impossibilitaram o trajeto. A equipe agora aguarda o envio de um caminhão da Ufac para transportar o material até o campus da universidade, em Rio Branco, onde será analisado.
A expedição faz parte do projeto “Novas fronteiras no registro fossilífero da Amazônia Sul-ocidental”, uma iniciativa da Iniciativa Amazônia+10, com financiamento do CNPq, Fapac e Fapesp. O objetivo é explorar rios menos estudados e áreas remotas do Acre em busca de fósseis que ajudem a reconstruir a história evolutiva da região.
Participam da pesquisa os cientistas Carlos D’Apolito, Ighor Mendes, Adriana Kloster, Francisco Ricardo Negri e Edson Guilherme (Ufac); Karina Alencar, Edson Jorge Pazini, Gabriel Barbosa, Annie S. Hsiou (USP Ribeirão Preto) e Alessandro Batezelli (Unicamp).