Dados preliminares do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE na última sexta-feira (6), apontam para uma significativa transformação no panorama religioso do Acre. As religiões de matriz africana, Umbanda e Candomblé, embora ainda minoritárias, registraram um aumento notável, passando de 0,03% da população em 2010 para 0,24% em 2022, um crescimento de 0,20 ponto percentual. Esse avanço contrasta com a queda expressiva de católicos apostólicos romanos e a ascensão dos evangélicos, que agora constituem a maioria no estado.
Em termos concretos, o percentual de adeptos de Umbanda e Candomblé representa um aumento considerável em relação aos números de 2010, evidenciando uma diversificação religiosa e cultural na região. O município de Senador Guiomard se destaca como o epicentro desse crescimento, com 0,49% de sua população identificada com essas religiões, superando a média estadual. Rio Branco também apresenta uma proporção significativa, com 0,41% de adeptos.
A presença de Umbanda e Candomblé foi identificada em diversas outras cidades, incluindo Porto Acre (0,21%), Bujari (0,19%), Brasileia (0,14%), Cruzeiro do Sul (0,12%), Rodrigues Alves (0,1%), Plácido de Castro (0,1%), Sena Madureira (0,08%), Acrelândia (0,05%), Santa Rosa do Purus (0,04%), e Xapuri, Tarauacá, Mâncio Lima, Feijó e Epitaciolândia (todas com 0,03%). Em contrapartida, 7 municípios não registraram adeptos dessas religiões, indicando uma concentração em áreas específicas do estado.
Essa expansão das religiões afro-brasileiras se insere em um contexto de amplas mudanças. O Censo 2022 revela uma acentuada diminuição de católicos apostólicos romanos, que caíram de 51,9% da população em 2010 para 38,9% em 2022, totalizando 266.329 pessoas. Em contraste, os evangélicos registraram um crescimento expressivo, saltando de 32,6% para 44,4% (303.599 pessoas), tornando-se o grupo religioso majoritário no Acre. O grupo sem religião também experimentou um aumento, passando de 11,8% para 11,2% (76.608 pessoas).
Outras tradições religiosas também foram mapeadas, como o espiritismo, que teve uma leve retração de 2,3% para 1,8%. Santa Rosa do Purus se sobressai em relação a outras manifestações de fé, liderando em adeptos de tradições indígenas (7,3%) e outras religiosidades (9,4%).
Apesar de o avanço de Umbanda e Candomblé ser modesto em comparação com as grandes denominações, o crescimento dessas tradições reflete uma crescente diversificação cultural e religiosa no Acre, apresentando um cenário mais plural em meio à predominância evangélica e à redução do catolicismo no estado.