Uma bomba foi jogada no colo da população de Sena Madureira. A atual gestão do prefeito Gerlen Diniz protocolou uma notificação formal à Caixa Econômica Federal (CEF), denunciando um verdadeiro rastro de irregularidades em obras de pavimentação realizadas durante o mandato do ex-prefeito Mazinho Serafim.
A denúncia, datada de 24 de junho de 2025, veio à tona após auditoria interna da Secretaria de Obras identificar pagamentos vultosos sem execução dos serviços, obras paralisadas, falta de documentação obrigatória e descompassos financeiros em convênios federais.
A empresa responsável pelas obras é a Solu’s Engenharia LTDA (CNPJ: 05.495.255/0001-96), contratada para executar contratos vinculados a convênios com o Governo Federal entre os anos 2021 e 2023.
As obras investigadas envolvem os seguintes contratos:
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Contrato nº 151/2021 – Convênio 882781/2019
Valor contratado: R$ 936.716,75 -
Contrato nº 100/2021 – Convênio 892602/2019
Valor contratado: R$ 416.000,00 -
Contrato nº 044/2022 – Convênio 906732/2020
Valor contratado: R$ 293.190,00
Montante total contratado: R$ 1.645.906,75
Pagamentos já realizados (parciais ou integrais): cerca de R$ 896.611,61
(sendo grande parte sem comprovação adequada ou com graves falhas de fiscalização, segundo o relatório).
Uma das vias centrais do escândalo é a Rua Dom Giocondo Maria Grotti, onde deveriam ter sido feitos:
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Pavimentação com tijolos maciços
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Instalação de drenagem
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Construção de calçadas
Entretanto, mesmo com os pagamentos efetuados à empreiteira, os documentos técnicos não foram localizados, e a obra sequer tem comprovação de execução.
Pagamentos liberados:
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R$ 350.064,86 (em 03/06/2022)
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R$ 246.546,75 (em 07/12/2022)
Totalizando R$ 596.611,61 somente neste contrato.
O relatório técnico, assinado pelo engenheiro Richarllison Gabriel da Silva Araújo (CREA – AC 22204D), aponta ainda:
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Obras paralisadas sem justificativa legal
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Devolução exigida de R$ 285.031,85 em outro convênio
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Convênios vencidos sem prestação de contas ou prorrogação formal
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Falta de documentos como apólices de seguro, cronogramas e comprovações técnicas básicas
“O projeto técnico especifica a execução em determinada rua, mas não existe obra no local. É uma inconsistência grave de localização da obra”, diz o documento.
A gestão de Mazinho Serafim, responsável pela assinatura e execução dos contratos, até o momento não apresentou defesa pública nem justificativa para os pagamentos realizados.
Enquanto isso, a atual administração afirma que está apenas cumprindo o dever legal de proteger os recursos públicos e exige que a Caixa Econômica Federal preste esclarecimentos sobre a fiscalização negligente durante o andamento das obras.
“Estamos lidando com situações em que o dinheiro entrou, foi pago, mas o serviço não apareceu. Isso é gravíssimo. A população foi enganada. Vamos até o fim para responsabilizar os envolvidos e impedir que recursos públicos continuem sendo desperdiçados dessa forma”.
Essas obras eram custeadas com recursos federais. Quando o município é obrigado a devolver verbas por má execução, é o povo quem paga a conta. Enquanto ruas continuam intransitáveis e moradores sofrem com poeira e lama, quase um milhão de reais pode ter sido enterrado sem retorno para a população.
A redação do YacoNews vai solicitar posição oficial da Caixa Econômica Federal, da empresa Solu’s Engenharia e buscar junto ao Ministério Público, CGU e TCU os próximos passos da apuração.
O espaço segue aberto caso os envolvidos queiram se manifestar sobre as denúncias.