
Diante da ameaça de uma sobretaxa de 50% imposta pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, o governo federal e os partidos do Centrão passaram a adotar discurso unificado em defesa da economia nacional, mesmo em meio à tensão gerada pela recente crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto e as lideranças do Centrão estavam em atrito após o governo editar decreto elevando o IOF sem consenso prévio com o Congresso — medida que foi, posteriormente, derrubada pela maioria parlamentar.
Porém, a iminência das tarifas americanas — que entrariam em vigor a partir de 1º de agosto — provocou uma guinada estratégica. O senador Renan Calheiros (MDB‑AL) destacou que a união entre Executivo e Centrão fortalece o posicionamento nacional, debilita o núcleo bolsonarista e restabelece uma harmonia pontual entre os poderes. O líder do PSD no Senado, Otto Alencar, por sua vez, alertou que o alinhamento pode ser temporário, mas necessária diante da urgência econômica.
O governo, em articulação com a iniciativa privada, criará em breve um comitê interministerial para traçar uma resposta às tarifas, visando também demonstrar unidade entre corretos e empresários prejudicados pelas medidas de Trump. Além disso, ministros foram mobilizados para reforçar o discurso de soberania nacional nas redes sociais e no Congresso.
Os parlamentares do Centrão aprovam pautas importantes como o licenciamento ambiental e a PEC da Segurança Pública, além de uma proposta que isenta o Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil — iniciativas que permitem fortalecer a base antes do recesso legislativo.
Analistas acreditam que essa sintonia emergencial é uma resposta prática à conjuntura internacional, mas alertam que o desânimo sobre temas estruturais pode retornar após a crise tarifária.
Fonte: O Globo