17 julho 2025

Manoel Urbano e os professores: Quando a maquiagem política tenta esconder a retirada de direitos

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É sintomático. Basta um governo tentar embalar retrocesso como avanço, e quem está na ponta — trabalhando, sentindo na pele — logo percebe. Em Manoel Urbano, a reação da classe dos professores ao projeto de lei enviado pela prefeitura escancarou uma verdade incômoda: a proposta que se anuncia como “valorização” é, na visão dos próprios educadores, um pacote de perdas maquiado de benefício.

Professores não são bobos. Sabem fazer contas. Sabem ler leis. E sabem, principalmente, diferenciar promessa de enganação. O tal reajuste de 15% que vem sendo propagandeado pelo Executivo não passa, segundo eles, de uma recomposição atrasada de dois anos de piso nacional que o próprio município deixou de cumprir. Não há mérito em quitar dívida como se fosse favor. É o mínimo.

Pior ainda: o projeto, segundo denunciado, tenta revogar a obrigatoriedade do reajuste anual do piso — direito garantido em lei federal. Também quer reduzir a diferença salarial entre quem tem nível médio e quem se qualificou com ensino superior, cortando uma diferença de 30% para apenas 10%. O recado é claro: estudar mais, se capacitar, se especializar… não vale a pena. A gestão municipal não valoriza isso.

Como se não bastasse, os professores ainda alertam para a redução de gratificações de diretores e coordenadores e para cláusulas que os prendem a substituições e demandas eventuais, sem garantias ou compensações. Um arrocho disfarçado de reestruturação.

Esse tipo de atitude fere não apenas a categoria, mas toda a lógica de valorização da educação pública. Fere também a inteligência do povo, que merece ser tratado com honestidade, não com manobras. Maquiar perdas e apresentar como ganho é subestimar a capacidade crítica dos cidadãos — e, mais grave ainda, dos profissionais que formam nossas crianças e jovens.

A nota publicada por uma comissão de professores de Manoel Urbano é mais que um protesto: é um grito de resistência contra a tentativa de desmontar direitos históricos sob o silêncio do juridiquês. É um apelo à Câmara de Vereadores para que cumpra seu papel fiscalizador e não permita que esse retrocesso seja sacramentado por votos apressados e alianças cegas.

Prefeituras que realmente valorizam a educação não tentam tirar com uma mão o que fingem dar com a outra. Elas dialogam, respeitam, constroem junto com quem ensina. E acima de tudo: cumprem a lei.

O futuro de Manoel Urbano não se escreve desvalorizando seus educadores. A educação não se faz com maquiagem. Se faz com verdade, respeito e compromisso real. Tudo o que, até agora, parece faltar nesse projeto.

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