23 agosto 2025

Moeda vira negócio em Sena Madureira: Comerciantes são forçados a pagar “pedágio” de 10% para conseguir troco

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Em Sena Madureira, comerciantes estariam enfrentando uma situação no mínimo inusitada — e preocupante: estariam sendo obrigados a pagar até 10% a mais sobre o valor real das moedas para garantir o troco de seus clientes. A prática, que teria virado rotina no município, está transformando a falta de moeda em oportunidade de lucro para quem as possui em quantidade e resolve “vendê-las”.

Segundo apuração exclusiva do YacoNews, o suposto esquema funciona de maneira simples: uma pessoa, grupo ou até mesmo uma instituição religiosa junta um grande volume de moedas e oferece a supermercados ou lojas locais. Mas, para receber em notas o valor correspondente, impõe uma condição: só faz a troca com acréscimo de 10%. Ou seja, se levar R$ 50 em moedas, exige R$ 55 em notas em troca.

Os comerciantes, pressionados pela obrigação legal de fornecer troco exato aos clientes, acabam cedendo à exigência para manter o funcionamento regular dos caixas. “É isso ou ficar sem moedas para trabalhar. Já tentamos nos organizar, mas está virando comércio informal. E quem tem moeda está ganhando em cima da necessidade alheia”, afirmou um lojista sob condição de anonimato.

Mais grave ainda é o envolvimento de instituições religiosas, que estariam usando esse método como fonte paralela de arrecadação. Em vez de apenas depositar os valores nos bancos, preferem repassar os montantes a comércios locais com o mesmo percentual de “taxa”, que se tornou regra no submundo da troca de moedas na cidade.

A ausência de ação por parte de órgãos como o Banco Central, sistema bancário regional e autoridades municipais contribui para o agravamento do problema. Sem agências suficientes, com escassez crônica de moedas e nenhuma política local de distribuição de troco, os comerciantes seguem reféns de um mercado paralelo e informal, onde a moeda brasileira tem valor… com juros.

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que essa prática, além de imoral, pode ser considerada ilegal, uma vez que configura operação financeira informal sem autorização, podendo ser denunciada ao Procon e ao próprio Banco Central. O Código de Defesa do Consumidor também proíbe qualquer tipo de vantagem indevida, o que poderia ser aplicado neste caso.

Enquanto isso, os prejuízos recaem sobre o comércio local, que além de pagar mais pelas moedas, muitas vezes precisa repassar os custos ao consumidor final — o que encarece ainda mais o dia a dia da população de Sena Madureira.

A moeda segue valendo o mesmo no papel. Mas, em Sena, ela já virou mercadoria rara, com preço próprio e lucro garantido para quem especula em cima da escassez.

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