
Em meio à escalada de tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, o anúncio de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros promovida por Donald Trump vem surtindo efeito político inesperado: pesquisa interna do Palácio do Planalto revela recuperação da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alcançando maioria da população.
Conforme divulgou a colunista Bela Megale, em publicação no jornal O Globo, o “tarifaço” motivado por suposta retaliação a investigações da Lava Jato e críticas ao Supremo Tribunal Federal impulsionou o índice de aprovação de Lula, que ultrapassou os valores negativos registrados desde a crise do Pix, em janeiro deste ano.
Um levantamento da Ativaweb Group, que analisou 5,9 milhões de menções em redes sociais sobre as tarifas, aponta que 58% delas condenaram a medida de Trump, enquanto apenas 40% a defendiam. O episódio devolveu vigor ao discurso do governo Lula, centrado na defesa da “soberania nacional” e na oposição à “política dos ricos contra os pobres”.
Aliados do presidente entendem que o enfrentamento à pressão externa fortaleceu a imagem dele como um líder firme e defensor dos interesses brasileiros — especialmente num momento em que sua popularidade vinha fragilizada por temas econômicos e fiscais domésticos.
Embora o “tarifaço” por parte dos EUA represente uma ameaça real às exportações brasileiras — especialmente de biocombustíveis, aeronaves, café e suco de laranja —, a ofensiva deu fôlego político a Lula, que agora pode capitalizar sobre o sentimento nacionalista crescente .
Segundo análise do Financial Times, a manobra de Trump funcionou como um alavanca inesperada para que Lula resgatasse apoio popular e reacendesse sua candidatura à reeleição, além de consolidar uma narrativa de defesa dos interesses nacionais frente a influências externas .
Até o momento, a oposição — especialmente lideranças do PL e simpatizantes de Jair Bolsonaro — ainda não conseguiu definir uma estratégia clara de resposta. Internamente, discute-se se deve-se reagir à altura ou buscar uma postura moderada, diante do risco de desgaste político.
Analistas apontam que, se as eleições fossem hoje, Lula sairia como favorito, revertendo o que até pouco tempo era um cenário desfavorável. A confiança política reacende o debate sobre os rumos da disputa de outubro de 2026, num país cada vez mais polarizado.






