O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que pretende iniciar ainda neste mês a aplicação de tarifas sobre medicamentos e semicondutores. Segundo ele, o objetivo é incentivar a produção desses itens em território americano. A declaração foi dada após um evento sobre inteligência artificial na Casa Branca, nesta terça-feira (15).
Trump disse que as tarifas começarão em valores baixos e, ao longo de cerca de um ano, aumentarão significativamente. “Vamos dar tempo para que as farmacêuticas construam capacidade produtiva nos Estados Unidos. Depois disso, vamos aplicar uma tarifa muito alta”, afirmou. Ele indicou que o mesmo modelo deve ser adotado para os semicondutores, peças fundamentais para a produção de celulares, computadores e outros equipamentos eletrônicos.
O presidente não forneceu detalhes sobre percentuais ou prazos exatos. No entanto, em julho, Trump já havia mencionado planos de tarifar o cobre em 50%, com possibilidade de elevar para 200% as taxas sobre medicamentos após o período de transição. Ele justificou as medidas com base na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, argumentando que a dependência de importações ameaça a segurança nacional americana.
Empresas como Eli Lilly, Merck e Pfizer, que mantêm parte da produção fora dos EUA, podem ser diretamente afetadas pelas novas medidas, o que também tende a pressionar os preços dos medicamentos para os consumidores americanos. Já a tarifa sobre semicondutores deve impactar os preços de produtos eletrônicos no mercado interno.
Investigação contra o Brasil
O anúncio das tarifas veio no mesmo dia em que o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) divulgou a abertura de uma investigação formal contra o Brasil. A apuração vai analisar se políticas e práticas brasileiras prejudicam o comércio americano, com foco em seis frentes: serviços de pagamento eletrônico, comércio digital, propriedade intelectual, combate à corrupção, barreiras tarifárias e desmatamento ilegal.
O representante comercial Jamieson Greer confirmou que a decisão foi tomada por ordem de Trump, que já havia anunciado, na semana passada, a intenção de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, com início previsto para 1º de agosto.
Segundo o USTR, o Brasil pode estar restringindo a atuação de empresas americanas ao impor medidas que afetam redes sociais e limitam a oferta de serviços digitais. Embora o relatório não cite diretamente decisões do Supremo Tribunal Federal, Trump já havia criticado a atuação da Corte em relação à remoção de conteúdos políticos nas plataformas.
A investigação pode justificar a adoção de novas medidas punitivas contra o Brasil, além da tarifa já anunciada. Quando questionado sobre o motivo de aplicar sanções a um país com o qual os EUA têm superávit comercial, Trump respondeu de forma direta:
“Estamos fazendo isso porque eu posso. Queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos Estados Unidos. Se o país não quiser pagar, que venha produzir aqui. Isso gera empregos.”
Trump ainda negou ter proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas voltou a criticar o processo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que o considera perseguição política.
Se não houver negociação até o fim de julho, a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros entrará em vigor em 1º de agosto.
