
A Justiça do Acre determinou a liberdade provisória dos empresários Johnnes Lisboa e Douglas Henrique da Cruz, investigados pela Polícia Federal por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Eles devem cumprir medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica.
A defesa, conduzida pela advogada Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira, afirmou que “confia plenamente que todos os fatos serão apurados com rigor e imparcialidade pela Polícia Federal e pelo Poder Judiciário”.
Johnnes e Douglas foram presos preventivamente no dia 15 de setembro, durante a Operação Inceptio, que investiga o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A operação resultou na prisão de outros empresários, incluindo os irmãos John Muller Lisboa e Mayon Ricary Lisboa, além do empresário André Borges, que foi solto quatro dias após a prisão. Ao todo, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão.
A decisão que concedeu habeas corpus a Johnnes e Douglas foi assinada na quinta-feira (25), dez dias após a prisão. Com isso, continuam presos John Muller, Mayon e outros quatro empresários, cujas identidades não foram divulgadas.
Medidas cautelares impostas
Entre as restrições determinadas pela Justiça estão:
-
Comparecimento periódico em juízo para prestar informações sobre atividades;
-
Proibição de frequentar determinados locais;
-
Restrição de contato com pessoas relacionadas ao caso;
-
Proibição de se ausentar da comarca;
-
Recolhimento domiciliar no período noturno e em dias de folga;
-
Monitoramento eletrônico.
Operação Inceptio
A PF deflagrou a operação em cidades de oito estados: Rio Branco, Porto Velho (RO), Ubaí (MG), Camaçari (BA), Ilhéus (BA), Salvador (BA), Cabedelo (PB) e São Paulo (SP).
Os irmãos Lisboa e o primo Douglas são donos de diversas empresas que promovem eventos no Acre. Entre elas, duas empresas de Douglas — Moon Club RB DHS da Cruz Sociedade LTDA e DHS da Cruz Sociedade LTDA — organizaram camarotes privados e trouxeram artistas para a Expoacre Rio Branco 2025. Johnnes Lisboa é diretor da Inove Eventos, que havia anunciado a vinda do DJ Alok para a cidade, mas o show foi cancelado após a prisão dos suspeitos.
John Muller Lisboa, que ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), com salário superior a R$ 6 mil, foi exonerado no dia seguinte à prisão, conforme edição extra do Diário Oficial do Estado.
Investigação e impacto financeiro
Além das prisões, a Justiça bloqueou mais de R$ 130 milhões em contas bancárias do grupo e apreendeu bens avaliados em cerca de R$ 10 milhões. A investigação revelou que o grupo atuava em seis estados, enviando grandes quantidades de droga do Acre para o Nordeste e Sudeste.
Segundo o delegado André Barbosa, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF-AC, o grupo atua no Acre desde 2019. Ele explicou que o esquema utilizava pessoas físicas e jurídicas como mecanismo para movimentar dinheiro do tráfico de forma legalizada:
“Não tem ligação direta com a venda de entorpecente. Eram usadas como instrumento para movimentação de recursos ilícitos, inclusive com origem do tráfico de drogas. Identificamos um grupo de narcotraficantes que revendia drogas para estados do Nordeste e Sudeste e utilizava diversas pessoas físicas e jurídicas para lavar dinheiro, incluindo estabelecimentos comerciais.”
Os suspeitos podem responder por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.






