
Um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou que o Terceiro Comando Puro (TCP) — facção criminosa do Rio de Janeiro conhecida por utilizar símbolos religiosos e reunir integrantes que se declaram evangélicos — já está atuando no Acre. A expansão do grupo tem chamado atenção de autoridades de segurança.
O TCP surgiu por volta de 2002, após uma divisão interna no antigo Terceiro Comando (TC), e desde então se tornou um dos principais rivais do Comando Vermelho (CV) no Rio. Marcado pelo uso de armas pesadas, violência e disputa por territórios, o grupo se expandiu para outros estados, como Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul — além do Acre.
No Ceará, por exemplo, pichações com a estrela de Davi e frases como “Jesus é dono do lugar” começaram a aparecer nos últimos meses. Há também relatos de fechamento de terreiros de umbanda por ordem de integrantes do TCP, repetindo situações que já ocorreram na zona norte do Rio, onde o grupo tem histórico de intolerância religiosa.

Essa movimentação preocupa especialistas, que temem novos confrontos por território e aumento da violência, especialmente em regiões já marcadas por altos índices de homicídios.
Aliança no Acre
No Acre, a Polícia Civil confirma que grupos locais estão buscando apoio do TCP. O delegado Gustavo Henrique da Silva Neves, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), afirmou que há troca de informações entre facções do estado e o grupo carioca.
“Uma facção daqui procurou abrigo no TCP. Sabemos dessa comunicação e isso já deve gerar operações por causa da rivalidade com o Comando Vermelho, que é muito forte no Acre”, disse o delegado.

O grupo local que estaria ligado ao TCP é o Bonde dos 13 (BD13), principal rival do Comando Vermelho no estado. Segundo o delegado, o BD13 tem buscado alianças fora do Acre para enfrentar o CV, como já ocorreu no passado com o PCC e, agora, com o TCP.
Gustavo Neves explicou que não pode divulgar quantas pessoas estão envolvidas ou em quais áreas do estado a facção já atua, mas garantiu que a Polícia Civil acompanha o caso de perto. “Temos ciência da expansão e estamos cuidando disso. Em breve, devem surgir novidades.”
O delegado disse ainda que não há indícios de que lideranças do TCP do Rio tenham vindo diretamente para o Acre. “O que existe é o pessoal daqui buscando apoio do pessoal de lá. Não temos informação de pessoas do Rio atuando no estado”, completou.






