17 dezembro 2025

Trio indígena fica três dias perdido em mata e é resgatado sem ferimentos no interior do Acre

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Os três indígenas que desapareceram durante uma caçada na segunda-feira (8) foram encontrados na tarde desta quinta-feira (11), após três dias de buscas intensas na região de Porto Walter, no interior do Acre. Kenedy Ferreira do Nascimento, 30 anos, Antônio José Dantas Lima, 32, e Cleisson Feitosa, 42, retornaram à comunidade sem ferimentos, resgatados por equipes do Corpo de Bombeiros e por moradores.

O trio, da etnia Shawãdawa, havia saído para caçar queixadas próximo à Aldeia Matrinchã quando se perdeu na mata fechada. A chegada dos caçadores à comunidade foi marcada por forte comoção. Em vídeos que circularam nas redes sociais, é possível ver familiares emocionados abraçando os homens ainda dentro da canoa usada no resgate.

Segundo o comandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, major Josadac Cavalcante, mais de 30 pessoas, divididas em cinco equipes, participaram das buscas. Ele relatou que conversou com o cacique da aldeia, que suspeitou que os homens tenham se desorientado durante a caçada devido ao terreno e às chuvas intensas.

Homens perdidos três dias em mata são encontrados após buscas no interior do Acre — Foto: Arquivo/Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul
Homens perdidos três dias em mata são encontrados após buscas no interior do Acre — Foto: Arquivo/Corpo de Bombeiros de Cruzeiro do Sul

“O plano de resgate mostra que eles percorreram cerca de 75 quilômetros pela mata. À noite, faziam abrigo com palha para conseguir descansar, mesmo com a chuva constante. Já estavam exaustos e pretendiam parar de caminhar na sexta-feira”, explicou o major.

Os caçadores estavam com espingardas e fogo, o que permitiu que caçassem duas queixadas e se alimentassem durante o período em que estiveram perdidos.

O major Cavalcante alertou que, somente em 2024, a região do Vale do Juruá registrou 16 acionamentos para buscar caçadores perdidos. Ele reforçou algumas recomendações:

  • Baixar mapas offline antes de entrar na mata para facilitar a localização em caso de desorientação;

  • Evitar percorrer longas distâncias após perceber que está perdido;

  • Não cruzar córregos ou rios, pois eles funcionam como divisões que ajudam a delimitar áreas de busca;

  • Caso encontre um riacho ou rio, caminhar sempre em direção à foz, onde há maior probabilidade de encontrar comunidades.

As equipes de resgate chegaram à comunidade na tarde de quarta (10), após 9 horas de viagem pelo rio e enfrentar forte chuva. Foram mais de 200 km até o ponto de partida das buscas, seguidos de 4 horas de caminhada pela mata.

As buscas começaram às 5h de quinta-feira (11). Uma das informações que auxiliaram a operação foi o relato de um indígena que, no domingo (7), avistou uma manada de queixadas e depois chamou os outros dois amigos para caçar na região.

Diante do desaparecimento, moradores iniciaram uma busca por conta própria nas proximidades da Comunidade Matrinchã, na área do Igarapé Nilo, afluente do Rio Cruzeiro do Vale.

Após o reencontro, familiares e moradores celebraram emocionados o retorno do trio, que agora se recupera do cansaço provocado pelos dias na mata.

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