O programa Bolsa Família teve um impacto positivo na renda das famílias mais pobres do Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE. Entre 2019 e 2023, o rendimento per capita dos domicílios que recebem o benefício cresceu 42%, passando de R$ 446 para R$ 635.
No entanto, o estudo também revela que a desigualdade social permanece um desafio. A renda média mensal domiciliar per capita atingiu o maior valor da série histórica, R$ 1.848, um aumento de 11,5% em relação a 2022. Apesar disso, o crescimento da renda do trabalho não acompanhou o ritmo da expansão dos programas de transferência de renda.
“O Bolsa Família é um fator importante para a redução da pobreza, mas não necessariamente para a redução da desigualdade”, avalia Maitê Gatto, gerente de Programas e Incidência da ONG Oxfam Brasil. “O aumento da massa de rendimentos está acontecendo mais por conta dos programas de transferência de renda do que pela renda do trabalho, o que não é um sinal necessariamente positivo.”
A pesquisa também mostra que a proporção da população com renda habitualmente recebida do trabalho passou de 44,5% em 2022 para 46%, o que representa 99 milhões de pessoas em 2023.
Diante desse cenário, Maitê Gatto defende a implementação de um mecanismo mais justo e eficiente de arrecadação de impostos, com foco na taxação dos super-ricos. “Precisamos de um sistema tributário mais justo para poder investir em políticas sociais, educação, saúde, trabalho, habitação e adaptação climática”, afirma.
O debate sobre a taxação dos super-ricos ganha ainda mais relevância no contexto da reunião do G20, grupo das maiores economias do mundo, que discute um acordo sobre o tema.