O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi baleado nesta quarta-feira (15) em um atentado na cidade Handlová, a 190 km da capital, Bratislava. Ele está internado em estado crítico, correndo risco de vida, segundo o ministro do Interior eslovaco.
Fico havia saído de uma reunião de governo na cidade quando foi alvejado por um homem de 71 anos que disparou cinco tiros, segundo o ministro do Interior, Matúš Šutaj-Eštok. Ele foi levado de helicóptero a um hospital em Bratislava.
Em coletiva no hospital, o ministro da Defesa eslovaco, Robert Kalinak, disse que os médicos estão lutando pela vida do primeiro-ministro.
O ministro do Trabalho, Erik Tomáš disse a uma TV local que Fico ainda está sendo operado. Segundo o ministro, será uma operação longa, porque o agressor atingiu vários órgãos do premiê.
Fico foi atingido quando, ao sair da reunião, foi cumprimentar um pequeno grupo de pessoas que esperava por ele na rua. Um homem que estava no grupo sacou então uma arma e fez os disparos. Segundo o governo, o premiê foi atingido no abdômen e no braço.
Segundo a imprensa local, paramédicos disseram que Fico estava consciente durante o trajeto de helicóptero.
Seguranças do premiê que o acompanhavam prenderam o autor dos disparos. O vídeo acima mostra a situação instantes após ele ser ferido.
O vídeo do ataque mostra o premiê se aproximando de um carro cambaleando, sendo apoiado por outros homens que estavam em volta dele. Nas imagens, os homens o ajudam a entrar no carro.
Segundo informações do site de notícias eslovaco Aktuality, poucas pessoas esperavam Fico do lado de fora do local onde a reunião havia ocorrido. Nenhum deles vaiava ou gritava palavras de ordem contra o governo. Apenas o autor dos tiros, um idoso de outra cidade, tinha um cartaz em mãos e parece protestar contra o premiê.
Segundo a imprensa eslovaca, o atirador era um ex-segurança de um shopping center de 71 anos e membro da Sociedade Eslovaca de Escritores. O Aktuality também disse que o idoso já fez publicações contra imigrantes e pró-Rússia nas redes sociais.
O filho do suspeito disse ao Aktuality que seu pai tinha licença para posse de armas, mas afirmou estar “em choque” com o ataque.
“Não tenho absolutamente nenhuma ideia do que meu pai pretendia, o que ele planejou, o que aconteceu”, disse o filho, segundo o site eslovaco.
A presidente da Eslováquia, Zuzana Caputová, condenou em nota o “brutal” ataque sofrido por Fico, e lhe desejou uma pronta recuperação.
O líder da oposição, Michal Šiimečka, reafirmou que seu grupo político não tem relação com o atentado.
Homem é detido após o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ser baleado no dia 15 de maio de 2024 — Foto: Radovan Stoklasa/Reuters
O presidente russo, Vladimir Putin, condenou o ataque, que chamou de “crime hediondo sem justificativa”.
O primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, também se manifestou, dizendo que a notícia é um “choque”. Ele também deseja que o colega se recupere rapidamente.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse “condenar fortemente o ataque” — a Eslováquia faz parte da União Europeia desde 2004.
Entre os líderes que condenaram o atentado também estão o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Pró-Rússia, ‘antivaxer’ e nacionalista
Robert Fico, de 59 anos, foi o mais votado nas eleições gerais de setembro de 2023 na Eslováquia com uma plataforma pró-Putin, contra a ajuda da União Europeia e da Otan à Ucrânia.
A posição da Eslováquia é relativamente importante, já que o país faz parte da Organização Militar do Atlântico Norte, a aliança militar do Ocidente.
Robert Fico, primeiro-ministro da Eslováquia, em imagem de 2018 — Foto: Vladimir Smicek/AFP
O partido de Fico, o Direção Social-Democracia (Smer-SSD), é mais nacionalista e socialmente conservador, criticando o liberalismo social, que diz ser imposto a partir de Bruxelas.
Fico já deu declarações condenando o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por esses casais. Em questões econômicas, ele é visto como trabalhista, tendo implementado reformas que dão direito a aviso prévio, regras mais rígidsas para horas extras e mais poder a sindicatos.
Ele expressou posições anti-imigração de muçulmanos para o país e, em política externa, é visto como pró-Rússia e contra a instalação de bases militares dos EUA na Europa Central.
Durante a pandemia, na oposição, ele promoveu uma campanha de desinformação contra a Covid-19 e as vacinas, chegando a compará-las a armas biológicas.
Fico já havia sido premiê em outros dois períodos, entre 2006 e 2010, e entre 2012 e 2018. Desta última vez, ele renunciou ao cargo ao ser pressionado pela oposição, depois do assassinato de um jornalista que investigava a corrupção em seu governo.
Com informações G1