
O padrasto da menina de 5 anos assassinada em Itapetininga (SP) enviou áudio para o pai biológico dela falando que a garota estava morta e, com isso, acabaria o vínculo dele com a mãe da criança. Ainda na mensagem, o suspeito pede ao pai que “pare de encher o saco” dele e da mãe da criança.
O corpo de Maria Clara Aguirre Lisboa foi encontrado enterrado nesta terça-feira (14), no quintal da casa do suspeito.
O casal Luiza Aguirre Barbosa da Silva, mãe da menina, e Rodrigo Ribeiro Machado, o padrasto, foi preso e confessou o crime. Eles serão indiciados por homicídio e ocultação de cadáver.
Segundo a avó paterna da garota, Vanderleia Monteiro do Amaral, de 50 anos, o suspeito do assassinato mandou o áudio, há duas semanas, pelo telefone de Luiza, a mãe da criança, dizendo ao pai que Maria Clara estava morta.
No registro, ao qual o g1 teve acesso, Rodrigo parece ficar irritado com a situação e pede para que Luiza confirme se Maria Clara estava morta.
“Fale a verdade para o cara [pai da Maria Clara]”, pediu Rodrigo. “Tô falando para você já, pare. A menina morreu já”, completou Luiza para o pai da menina.
Em outro momento, em tom de ameaça, o suspeito diz ao pai que não há mais vínculo entre ele a ex-companheira, pois a filha deles já “não existe mais”.
“Eu não vou perder mais meu tempo, falou? Porque é o seguinte… você não tem mais nenhum vínculo com a Luiza, certo? Não tem filho, não tem mais nada, certo? Ele já tá morto. Então, eu preciso nem gastar saliva com você, nem responder você. Nem a família sua, falou?”, completou Rodrigo no áudio enviado.

Padrasto e mãe suspeitos de matar menina de 5 anos e enterrar corpo em quintal de casa, em Itapetininga (SP) — Foto: Reprodução
Ao g1, a avó Vanderleia contou que as gravações foram enviadas ao filho dela. Ela conta que o padrasto chamava Maria Clara de “marota”, mimada e que era mal-educada, culpando a família paterna pelo comportamento da menina.
Nas vezes em que a criança visitava sua casa, aos fins de semana, a avó percebeu marcas de agressões com uso de força nos punhos da menina.
Segundo a Polícia Civil, a menina sofria agressões frequentes da mãe e do padrasto. O áudio foi acrescentado ao inquérito policial.
Corpo enterrado e concretado
Segundo o delegado Franco Augusto, o corpo de Maria Clara foi encontrado no quintal da casa do padrasto. Os dois demoraram cerca de dois dias após o homicídio para enterrar o corpo, e o local foi concretado para ocultar o crime.
Ainda conforme o delegado, o padrasto já tinha histórico criminal e torturava psicologicamente a criança e a mãe dela, utilizando a menina como forma de pressão, além de agredi-la fisicamente.
O casal admitiu à polícia que a menina “atrapalhava” a vida deles e que descontava a frustração e a raiva na criança. Durante as agressões, foi utilizada uma rebitadeira, ferramenta apreendida pela polícia com manchas de sangue.
As primeiras informações da perícia indicam que o corpo de Maria Clara estava enterrado havia aproximadamente 20 dias.

Mãe e padrasto confessaram que mataram Maria Clara e concretaram o corpo no quintal de casa em Itapetininga — Foto: Arquivo pessoal/Vanderleia Monteiro do Amaral
Denúncia ao Conselho Tutelar
O caso começou a ser investigado após uma denúncia feita ao Conselho Tutelar pela avó Vanderleia, que comunicou o desaparecimento da menina. Inicialmente, a polícia não trabalhava com a hipótese de homicídio.
Rodrigo e Luiza foram localizados também na terça-feira, mesmo dia em que o corpo foi encontrado, e levados à delegacia, onde confessaram o crime. Eles passaram por audiência de custódia nesta quarta-feira (15) onde foi ratificada a prisão de ambos. O padrasto foi transferido para a cadeia de Capão Bonito. Já a mãe, para Votorantim.
A Polícia Civil investiga também a responsabilidade dos pais de Rodrigo, que moravam no local e são os donos da casa onde o corpo foi encontrado.

Criança é encontrada morta no quintal da casa do padrasto em Itapetininga — Foto: Reprodução/Redes Sociais
* Colaborou sob a supervisão de Eduardo Ribeiro Jr./G1






