Durante a festividade na Aldeia Puyanawa no Vale do Juruá, líderes indígenas falaram da preocupação com os impactos que podem acontecer com a construção da estrada entre Acre e Peru. Visitantes de várias regiões do Brasil e do exterior acompanharam o Festival Atsa, que ocorreu entre segunda (18) e essa sexta-feira (22), em Mâncio Lima, interior do estado acreano.
O festival é considerado a maior festa tradicional do Povo Puyanawa. O nome ‘Atsa’ significa macaxeira e é justamente o que eles celebram, já que o alimento é a principal fonte de renda da comunidade.
O cacique Joel Puyanawa é um dos líderes indígenas que são contra a construção da estrada. Ele afirmou que os povos da floresta nunca foram consultados sobre a rodovia e que a obra vai trazer uma grande devastação para os indígenas.
“Sou contra. A devastação que vai trazer é muito grande, e nunca fomos consultados. Se alguém tivesse feito uma consulta, perguntado a nossa posição eu saberia dizer”, reclamou.
A estrada vai cortar o Parque Nacional Serra do Divisor, que fica no Vale do Juruá, e várias terras indígenas para ligar o Acre a Pucallpa. Em novembro de 2019, foi dado início ao trabalho com a abertura de uma trilha de cerca de 90 quilômetros até o município peruano de Puccalpa. Desde então, foram desencadeadas várias discussões. Um estudo, inclusive apontou que a estrada deve gerar um prejuízo social de R$ 960 milhões.
O projeto também afetaria negativamente as comunidades indígenas, incluindo etnias em isolamento voluntário, e áreas importantes em termos de significância ecológica, como o Parque Nacional da Serra do Divisor.
Outro líder que também se posicionou contra a construção cacique do Povo Nukini, Paulo Almeida. De acordo com o cacique, a estrada só trás benefícios a um grupo de pessoas. “Terá a negatividade disso por conta que os impactos não afetam só nossa vida financeira, mas também nosso meio ambiente, nosso rio, floresta, animais. Tudo vai ficar mais escasso”, lamentou.