O Acre é um dos estados onde há uma grande incidência de raios. Com a chegada das chuvas, período conhecido como inverno amazônico, os perigos desse tipo de fenômeno natural aumentam. Um dos alertas é em relação à rede de distribuição de energia para que a população não tente fazer nenhuma ligação sem apoio de um profissional qualificado.
Entre os meses de junho a setembro deste ano, de acordo com dados repassados pela Energisa, foram registradas 469 ocorrências no sistema elétrico tendo raios como causa. No total, mais de 22,7 mil clientes ficaram sem energia por causa disso. A distribuidora informou que apenas em setembro, período em as chuvas e temporais se intensificam no estado, foram 125 ocorrências causadas por raios.
O gerente de Operação da Energisa Acre, Anderson Rodrigues, alertou a população que não faça nenhum tipo de ligação durante esses eventos e que a orientação é chamar uma equipe da distribuidora para garantir a segurança de todos. Além disso, ele deu algumas orientações relacionadas a equipamentos elétricos durante chuvas e temporais.
“Os clientes devem evitar ficar com telefones ligados na tomada, pois os fios das nossas residências são condutores elétricos e podem vir a dissipar uma descarga atmosférica através desses fios, então, a recomendação, principalmente em relação a esses eventos, é desligar os equipamentos da tomada e esperar a tempestade passar para religá-los”, alertou.
Rodrigues falou ainda sobre os riscos do uso dos chuveiros elétricos nesse período. “É muito importante é evitar, claro, o uso de chuveiros elétricos durante a chuva e, principalmente, durante a tempestade porque é um equipamento elétrico que envolve água e também pode se dissipar uma descarga atmosférica através dele.”
Ainda segundo a distribuidora, as descargas atmosféricas são responsáveis por um número alto de desligamentos das linhas de transmissão e distribuição de energia. Este ano, as cidades de Acrelândia, Porto Acre, a capital acreana, Rio Branco , e Plácido de Castro, lideram o ranking. Em 2021, foram registradas 2,5 mil ocorrências envolvendo raios na rede elétrica no estado.
Incidência de raios
O coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Federal do Acre (Ufac), o pesquisador Alejandro Fonseca, explicou que com a chegada do inverno amazônico a incidência de raios é bem maior na região.
“Agora que estamos no início do inverno amazônico a manifestação de raios vai ser frequente. Quando se tem um trovão, essa manifestação que a gente escuta vem depois que a descarga elétrica aconteceu porque o som se propaga no ar com velocidade muito lenta em comparação à da luz. Durante o inverno amazônico vão ser muitos raios e muito frequentes em cada evento de chuvas que vão acontecer.”
Fonseca falou ainda que na Ufac não há um equipamento que monitore especificamente a incidências de raios, mas que eles usam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para estudar o fenômeno na região amazônica. Ele disse ainda que a vegetação e as condições climáticas interferem diretamente nesses fenômenos.
“Não temos esse monitoramento por nós mesmos, mas, o Brasil tem, encabeçado pelo Inpe, uma rede de monitoramento de raios. Essa rede tem uma fonte de informação muito importante em relação a como se manifestam essas descargas elétricas na região. Então, pelos cálculos do Inpe, e também o monitoramento estabelecido no Brasil, acontecem mais de 100 milhões de recargas elétricas e descargas por ano. As sobrecargas são de um nível de voltagem muito alto, em uma quantia muito grande. Nessa quantidade, a Amazônia é campeã porque aqui tem muito desenvolvimento de nuvens de chuva e nuvens muito altas também e carregadas tanto de eletricidade como nuvens propriamente ditas”, explicou.
Em 2028, três alunos e um catraieiro morreram no interior do Acre e outros cinco ficaram feridos após a embarcação em que estavam ser atingida por um raio. As vítimas saíam do município de Sena Madureira e estavam a caminho da escola quando ocorreu o acidente.