Ao responder, num hotel da cidade japonesa de Hiroshima durante o encontro do G7, uma pergunta sobre o veto do Ibama à exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, o presidente Luiz Ignácio Lula da Silva não desconsiderou a possibilidade de reverter a decisão técnica que vetou perfurações de pesquisa da Petrobras na área.
De acordo com análise do colunista do Uol, Josias de Souza, Lula recolocou a ministra do Meio Ambiente Marina Silva numa antiga corda bamba, se reportando ao que aconteceu em 2008, quando Lula e a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, aprovaram o início de obras de grandes hidrelétricas no rio Madeira, na Amazônia, contra posições de Marina.
“Naquela época, Marina pulou da corda bamba antes que a derrubassem. ‘Perco o pescoço, mas não perco o juízo’, disse a acreana naquele momento. Se contrariada agora, é improvável que reaja de forma diferente”, diz Josias.
“Lula mediu suas palavras na escala dos quilômetros. Realçou que a prospecção da Petrobras ocorreria em alto mar, a 530 quilômetros da foz do Amazonas. Deu a entender que a distância atenuaria os riscos. A posição do Ibama, avalizada por Marina, é medida na escala dos valores ambientais”.
A coluna afirma que os técnicos do Meio Ambiente dizem ter detectado “graves inconsistências” nos planos da Petrobras. Acham que a prospecção leva insegurança a uma área de “alta vulnerabilidade socioambiental”, colocando em risco comunidades indígenas, ribeirinhos e a biodiversidade. A Petrobras vai recorrer da decisão.
“Está em jogo a credibilidade da agenda ambiental do governo. (…) Lula havia reiterado na entrevista concedida no Japão as prioridades que vem empinando desde a campanha presidencial do ano passado: recuperação da Amazônia, investimentos em projetos associados à chamada economia verde e uma transição energética que pressupõe a redução da dependência do petróleo”, acrescentou.
“Lula repetiu que há 28 milhões de pessoas na Amazônia. Disse que esses brasileiros têm o direito de trabalhar. Mas ponderou que é preciso gerar ‘empregos limpos’. De volta ao Brasil, Lula terá que decidir se dá mão forte a Marina Silva ou se prestigia a ala dita desenvolvimentista do governo. Repete-se agora um cenário parecido com o de 2008”, conclui Josias.
Por: Folha do Acre e Ac24Horas.