24 maio 2025

Mortes de motociclistas disparam 12,5%, revela Atlas da Violência

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil registrou aumento na taxa de mortes em acidentes de trânsito em 2023, segundo dados inéditos do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) no Rio de Janeiro. A mortalidade geral chegou a 16,2 óbitos a cada 100 mil habitantes, índice 2,5% superior ao de 2022, quando era de 15,8 por 100 mil.

O levantamento traz pela primeira vez números específicos sobre acidentes com motocicletas. Em 2023, a taxa de mortes envolvendo motos alcançou 6,3 casos a cada 100 mil habitantes, um crescimento de 12,5% em relação a 2022, quando o índice era de 5,6 e se mantinha estável desde 2020.

Em termos absolutos, foram 34,9 mil acidentes de trânsito com resultado fatal no ano passado, ante 33,9 mil em 2022. Desses, quase 13,5 mil envolveram motocicletas — alta de cerca de 1,5 mil ocorrências em um ano e superando o pico anterior de 12,6 mil casos, registrado em 2014.

O Atlas da Violência é produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com dados do IBGE, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O coordenador do estudo no Ipea, Daniel Cerqueira, afirma que a inclusão do trânsito na pesquisa amplia o entendimento sobre as múltiplas faces da violência no país.

As motos representaram 38,6% do total de mortes no trânsito em 2023, mas a proporção varia muito pelas regiões. Nos estados mais críticos — Piauí (69,4%), Ceará (59,5%), Alagoas (58,4%), Sergipe (57,8%), Amazonas (57,3%), Pernambuco (54,4%) e Maranhão (52,2%) —, mais da metade dos óbitos no trânsito envolveram motociclistas. Já no Rio de Janeiro (21,4%), Amapá (24,1%), Rio Grande do Sul (24,5%), Distrito Federal (24,5%), Minas Gerais (25,9%) e Paraná (30,7%), essa participação ficou abaixo de 31%.

Quando se analisa a taxa de mortes por 100 mil habitantes, o Piauí lidera com 21; em seguida vêm Tocantins (16,9), Mato Grosso (14,7), Rondônia (12,6), Maranhão e Sergipe (11,2 cada). No outro extremo, São Paulo registra apenas 3,6 mortes, seguido por Rio Grande do Sul e Acre (3,7 cada), Distrito Federal (2,4), Rio de Janeiro (2,4) e Amapá (2,3).

Para o pesquisador do Ipea Carlos Henrique Carvalho, o aumento dos óbitos com motos está diretamente ligado à expansão da frota dessas veículos, especialmente no Norte e Nordeste, onde a motocicleta é um modal mais acessível. “O uso intenso de motos em regiões mais pobres, sem infraestrutura adequada e sem campanhas de prevenção, eleva o risco de acidentes graves”, avalia.

Carvalho alerta ainda que as motos oferecem pouca proteção ao condutor e ao passageiro, aumentando as chances de ferimentos graves ou morte em caso de queda ou colisão. Ele defende que o debate sobre a regulamentação de serviços de transporte por moto, como aplicativos de delivery e mototáxi, leve em conta esses riscos.

O Atlas da Violência 2025 reforça a necessidade de políticas públicas que incluam melhorias na infraestrutura viária, fiscalização e educação no trânsito, além de ações específicas para reduzir a mortalidade de motociclistas, um grupo que, na última década, passou a integrar de forma expressiva o cenário da violência no trânsito brasileiro.

Via Agência Brasil.

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