
Um levantamento inédito divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que 34.394 pessoas vivem atualmente em unidades de conservação (UCs) no Acre. O número representa 4,14% da população do estado e traz dados fundamentais para orientar políticas públicas e estratégias voltadas às comunidades que habitam essas áreas protegidas.
O estudo, baseado no Censo Demográfico de 2022 e divulgado no último dia 11 de julho, detalha pela primeira vez o número de moradores por unidade de conservação, tornando-se uma ferramenta estratégica para o planejamento do poder público em todos os níveis.
O Acre possui nove unidades de conservação sob gestão estadual:
-
APA Lago do Amapá
-
APA Igarapé São Francisco
-
Floresta Estadual do Rio Liberdade
-
Floresta Estadual do Mogno
-
Floresta Estadual do Rio Gregório
-
Floresta Estadual do Antimary
-
Floresta Estadual do Afluente
-
ARIE Japiim Pentecoste
-
Parque Estadual Chandless
Além disso, existem 11 unidades sob responsabilidade federal, entre elas a Reserva Extrativista Chico Mendes, a Reserva do Alto Juruá e o Parque Nacional da Serra do Divisor.
Do total de habitantes em áreas de conservação no estado, 24.551 vivem em unidades federais e 9.842 em áreas sob gestão estadual. Mesmo nas áreas de domínio da União, o governo do Acre atua com parcerias e ações integradas para garantir a presença efetiva do Estado nessas localidades.
Diversidade e realidade social

Segundo o levantamento, o Acre tem 72,58% da população residente nas UCs autodeclarada parda. O estado também se destaca pela grande proporção de moradores em situação rural: 80,65% desse grupo vive em áreas afastadas dos centros urbanos.
A gestora adjunta da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Renata Souza, destacou que o conhecimento detalhado dessas populações é essencial para garantir políticas públicas eficazes. “Esses dados nos ajudam a entender quem são essas pessoas, como vivem e quais são suas necessidades. A partir disso, podemos articular ações de conservação, inclusão social e promoção de direitos de forma mais eficaz”, afirmou.
A Sema atua com diversas frentes nas unidades estaduais:
-
Prevenção e combate a incêndios: Brigadistas comunitários atuam em áreas estratégicas como Rio Branco, Bujari, Sena Madureira, Tarauacá, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, protegendo UCs como a APA Igarapé São Francisco e a Floresta Estadual do Antimary.
-
Monitoramento e controle ambiental: O trabalho do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (CIGMA) é essencial para detectar desmatamentos e acionar rapidamente equipes do Batalhão de Policiamento Ambiental, Imac e Ciopaer.
-
Atendimento em saúde e cidadania: Com o programa Saúde na Floresta, o governo leva atendimentos médicos, assistência social e serviços de cidadania às populações em áreas isoladas. A última edição da ação ocorreu em maio, no Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório, entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
-
Gestão das UCs: As Unidades de Gestão Ambiental Integrada (UGAIs) são responsáveis pela administração direta dessas áreas, garantindo estrutura de apoio para técnicos e parceiros que atuam em campo.

O Parque Estadual Chandless, um dos mais preservados da Amazônia, é destaque em biodiversidade e pesquisas científicas. Instituições como a Fiocruz, a Universidade Federal do Acre e o Instituto Federal do Acre realizam estudos sobre ecologia, solos, recursos hídricos e fauna local. O parque também é referência em observação de aves, atraindo pesquisadores e turistas especializados.
O monitoramento da biodiversidade é constante, com levantamentos sobre fauna e flora que ajudam a identificar ameaças e orientar ações de conservação.
Participação da sociedade

As unidades estaduais contam com conselhos gestores formados por representantes de comunidades locais, órgãos públicos e instituições da sociedade civil. Esses espaços garantem a participação direta das populações nas decisões sobre o manejo e a gestão das áreas protegidas.
A gestora Renata Souza destaca que os conselhos e as escutas comunitárias são fundamentais. “A gestão participativa fortalece o vínculo entre as comunidades e o Estado, e contribui para a proteção dos territórios tradicionalmente ocupados.”
O levantamento do IBGE reforça a importância das unidades de conservação não apenas como instrumentos de proteção ambiental, mas também como espaços vivos, habitados por comunidades que dependem dessas áreas para manter seus modos de vida e tradições.