26 abril 2024

Covid-19: novas variantes colocam imunidade em massa em xeque

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Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) estão pessimistas quanto à possibilidade de chegarmos à chamada imunidade de rebanho contra a covid-19 apenas com a aplicação de vacinas. Até então, acreditava-se que, se 70% da população mundial fosse imunizada, seria possível trabalhar com a ideia de ter a disseminação do vírus sob controle. Ontem, porém, Hans Kluge, médico especialista em saúde pública e diretor-regional da OMS para a Europa, disse que as novas variantes podem estar colocando em xeque o cenário de que um alto índice de vacinação deteria sozinho a atual crise sanitária.

A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa em que especialistas da agência das Nações Unidas relatavam que o surgimento de novas cepas do Sars-CoV-2, como a delta, estão aumentando o poder de transmissão do vírus e, consequentemente, reduzindo as chances de se chegar a uma imunidade coletiva. Nesse cenário, para Hans Kluge, é cada vez maior a probabilidade de o novo coronavírus se manter como uma doença endêmica.

Por esse motivo, ele pediu a autoridades mundiais e a responsáveis da área que criem estratégias de vacinação mais eficazes, especialmente no que diz respeito às doses de reforço. “Se considerarmos que a covid-19 continuará sofrendo mutações e permanecerá entre nós, como a gripe, então, devemos prever como adaptar progressivamente a nossa estratégia de vacinação contra a transmissão endêmica e adquirir conhecimentos mais valiosos sobre o impacto das doses adicionais”, justificou.

Em maio, o diretor-regional da OMS declarou que a pandemia terminaria quando alcançássemos “uma cobertura mínima de vacinação de 70%” da população mundial. Ontem, ao ser questionado se mantinha o que disse, Kluge respondeu que as novas variantes, principalmente as mais contagiosas, mudaram a situação. Ele explicou que, antes, embora a cepa delta, detectada, pela primeira vez, na Índia, já existisse, “não havia semelhante emergência de variantes mais transmissíveis e mais virais”. “Isso nos leva ao ponto de que o objetivo essencial da vacinação é, principalmente, evitar as formas graves da doença e a mortalidade”, destacou.

Estima-se que a variante delta — atualmente dominante em quase todos os países castigados pela pandemia da covid-19 — seja 60% mais contagiosa que a alfa, registrada, inicialmente, no Reino Unido, e o dobro que a cepa que deu início ao surto mundial. Quanto mais contagioso é um patógeno, maior o índice das pessoas que precisam estar imunizadas para alcançar a imunidade coletiva e deter a epidemia, sendo que, teoricamente, pode se alcançar a imunidade com vacinas ou sendo infectado.

Segundo os epidemiologistas, por mais que pareça pouco realista alcançar a imunidade coletiva só com os fármacos protetivos, eles ainda são essenciais para frear a pandemia. A imunização também segue sendo primordial “para reduzir a pressão sobre nossos sistemas de saúde, que precisam desesperadamente tratar outras doenças além da covid-19”, completou Kluge.

 

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